
Mas não era só nas redações que ele escrevia. Fora delas, dedicou-se às crônicas e à literatura com o mesmo fervor. Seus livros e textos revelam um olhar atento, sensível, sempre movido pela curiosidade e pela sensibilidade, típicas de um artista.
Nilson é daquelas pessoas que fazem da profissão um verdadeiro mantra: a convicção de que a essência do jornalismo se escreve com seis letras: paixão. Nascido em 1951, no interior de São Paulo, descobriu cedo que gostava mesmo era de contar histórias. Não as dele, mas as dos outros. E fez disso um ofício que atravessou décadas, redações e transformações profundas no jornalismo. Desde os primeiros passos, já demonstrava uma inquietação típica de quem não se contenta com respostas fáceis. Queria entender, investigar, traduzir o mundo em palavras.
Passou por veículos, como Novo Jornal, Folha de Londrina, Panorama, Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil, Revista IstoÉ. Trabalhou também em rádio, TV, assessoria e publicidade. Sempre incansável!
Nilson Monteiro

Nilson Monteiro
Reportagens marcantes
Percebendo desde cedo que não poderia “fazer mais do mesmo”, Nilson decidiu inovar no formato dos textos. No período em que realizava coberturas esportivas, pela Folha de Londrina, foi escalado para cobrir um jogo entre Londrina e União Bandeirante. Ali, refletiu sobre a limitação da linguagem tradicional utilizada nesse tipo de texto e optou por adotar uma abordagem criativa: escreveu a matéria em forma de cordel.
Pelo Estadão, foi cobrir a Bienal Internacional do Livro e, novamente, seu olhar atento e apurado não deixou escapar um fato no mínimo curioso: o número elevado de roubos de livro no evento. Decidiu transformar em notícia o improvável.
E como não se emocionar com o relato de quando entrevistou o grande Poty Lazzarotto? Aqui podemos reafirmar quanto o jornalismo depende não só da técnica, mas também de muita sensibilidade.
O jornalismo, em seus melhores momentos, toca o território da poesia. Há nele algo de encantamento, uma ponte entre o real e o sonho. Quando a neve caiu sobre o Paraná, em 1975, não era apenas o frio que tomava conta do cenário, mas também o espanto, e o medo diante do inesperado.
E o jornalista, com seus olhos atentos, percebeu que aquele fenômeno carregava histórias maiores do que os flocos que caíam do céu: a mudança da economia, a transformação da paisagem, o fim de uma era voltada ao intenso cultivo do café. Nesses instantes raros, o jornalismo se faz arte, traduz o extraordinário da vida com a sensibilidade de quem entende que noticiar também é sonhar. Porque, às vezes, contar a realidade é uma forma de tocar o mistério do mundo.
Na mistura de audácia e respeito foi se forjando como repórter. Cada obstáculo se transformou em combustível: a impossibilidade virou plano, o “não” virou mobilização, o medo virou foco. Com a teimosia de quem tinha pouca experiência e muita coragem, em 1979, comprou uma passagem, organizou o pouco dinheiro que tinha e foi para João Pessoa acompanhar o retorno ao Brasil do exilado Luis Carlos Prestes.

“Onde eu trabalhei não tinha silêncio, porque eu berrava mais. Se ficasse em silêncio era porque eu tava doente. Berrava com o subchefe, berrava com os repórteres e todo mundo berrava comigo também, era pau quebrando.”
Nilson Monteiro
Ambiente nas redações
O hoje imortal da Academia Paranaense de Letras se orgulha de todos os lugares por onde passou, jamais negando os intensos embates que travou, as boas discussões e o zelo pelo profissionalismo.
Nilson não tibubeia ao afirmar que as redações jornalísticas de antigamente eram verdadeiras escolas de formação profissional e humana. Nelas, aprendia-se o ofício na prática, observando e convivendo com jornalistas experientes, que transmitiam valores como rigor na apuração, compromisso com a verdade e respeito à ética da informação. O ritmo era intenso, e o aprendizado vinha tanto dos acertos quanto dos erros, sempre sob o olhar atento dos editores.
Não havia a facilidade tecnológica de hoje. O trabalho era manual, a escrita era revisada diversas vezes, e a checagem exigia persistência e contato direto com as fontes. Mais do que um ambiente de trabalho, as redações eram espaços de troca, debate e paixão pelo jornalismo, onde se aprendia que a notícia era um serviço público e que o repórter tinha uma responsabilidade social diante da história que ajudava a contar.
Há algo de profundamente poético nesse amor pelo jornal impresso, por aquele instante em que as primeiras folhas saem da impressora e o cheiro da tinta se mistura ao som metálico das máquinas. Era ali que nascia o resultado de noites em claro, de discussões acaloradas, de risadas e de uma paixão incondicional pela notícia.
O papel manchado de tinta não era apenas um produto, mas um símbolo de entrega, de verdade, de ofício. Para quem viveu isso, o jornal não era um trabalho, mas uma extensão da alma. Sentir o cheiro do jornal recém impresso era, de certo modo, confirmar que o esforço valera a pena. Porque, no fim das contas, ser jornalista é isso: carregar no sangue o som das rotativas e o perfume sagrado da tinta que eterniza as palavras.
FALTA PEGAR MIS UMA CITAÇÃO DO NILSON!!!!
Nilson Monteiro
Inspirações no Jornalismo
Ter o trabalho jornalístico lembrado pela posteridade é mais do que uma questão de reconhecimento individual. É a garantia de que a verdade, o compromisso ético e a coragem de informar não se perdem com o tempo. Quando o jornalismo é preservado, preserva-se também a história das pessoas, dos lugares e das lutas que moldaram a sociedade.
Ser lembrado, nesse ofício, é saber que o esforço de buscar a notícia, de registrar o presente e de questionar o poder deixou marcas que continuam a inspirar novas gerações de jornalistas a exercer seu trabalho com a mesma paixão e responsabilidade.
Modéstia à parte, poucos podem dizer que entrevistaram os craques Sócrates, Walter Casagrande e Wladimir Rodrigues dos Santos entre um gole e outro, compartilhando boas conversas e histórias.
Contudo, entre tantas histórias e reportagens, há uma que toca mais intimamente nosso jornalista.
Futuro do Jornalismo
Diante de tantos ensinamentos, fica claro que o bom jornalismo é um exercício de continuidade e resiliência. Uma construção que exige tempo, dedicação e, acima de tudo, humildade para aprender a cada nova história contada.
A trajetória de Nilson Monteiro revela mais do que uma carreira bem-sucedida. Ela traduz uma filosofia de vida. Para ele, o jornalismo nunca foi apenas um ofício, mas uma extensão natural de sua curiosidade, inquietação e amor pelas palavras. Em cada texto, entrevista ou reportagem, deixava transparecer a crença de que o bom jornalista é aquele que observa o mundo com sensibilidade e o traduz com verdade e beleza.
Sua caminhada, marcada pela coragem de inovar e pela recusa em se acomodar, mostra que a paixão é, de fato, o combustível essencial dessa profissão. Nilson segue, assim, como exemplo de que o jornalismo feito com entrega, ética e emoção continua sendo uma das formas mais autênticas de narrar a vida.

Nilson Monteiro
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