

Celso Nascimento
Contrariando o desejo do próprio pai, para Celso ser jornalista não era apenas uma escolha, mas um chamado. Era a voz da sua essência, impossível de silenciar.
Entre uma e outra fila para a inscrição no vestibular, seu destino apontava mesmo para o jornalismo. Cada passo parecia confirmar que não havia outro caminho.
Celso construiu uma carreira marcada pela diversidade de experiências dentro do jornalismo, transitando entre atividades de repórter, chefia e colunista. Sua trajetória demonstra não apenas capacidade de adaptação, mas também um conhecimento profundo de diferentes formatos e dinâmicas do jornalismo.
O que o editor-chefe sempre esperava da sua equipe de jornalismo?
Ser editor-chefe é lidar diariamente com a responsabilidade de decidir o que será notícia e como será contada. Exige equilíbrio entre urgência e precisão, liderança e escuta, além da constante pressão por qualidade e credibilidade. É um papel que demanda tanto técnica quanto sensibilidade.
Ser um chefe exigente com a excelência do trabalho significa compreender que cada detalhe importa e que a busca pela qualidade é uma forma de respeito: ao público, à equipe e à própria profissão. Essa postura não se confunde com autoritarismo, mas reflete o compromisso com padrões elevados e com o aperfeiçoamento contínuo. Sua exigência, portanto, não é obstáculo, mas estímulo: um chamado à responsabilidade e ao orgulho de fazer bem feito.
Uma coleção de fotos com momentos que contam histórias da sua carreira além das palavras.

Celso Nascimento
Embora tenha dedicado grande parte da carreira às funções de chefia, o jornalista deixou sua marca também nas reportagens que escreveu. Cada texto carregava a precisão e a sensibilidade de quem conhece profundamente o ofício e compreende o impacto da notícia.
O relato a seguir resgata uma época em que o jornalismo era exercido em condições modestas, mas com profundo senso de missão. A descrição da pequena redação, das rotinas intensas e dos recursos técnicos limitados mostra um tempo em que a notícia dependia quase exclusivamente do esforço humano.
Esse relato retrata como o tipo de jornalismo que se exercia na década de 60, sobretudo no estado do Paraná.
Na época da ditudura, o controle sobre a informação limitava o papel do jornalismo e impunha aos repórteres o desafio de informar sob vigilância.
Celso faz questão de apresentar a trajetória de crescimento da Gazeta do Povo, que se transformou em um grande grupo empresarial de comunicação no Paraná, formando a RPC. O sucesso desse conglomerado é atribuído à visão empresarial de seu proprietário, Francisco Cunha Pereira Filho, que adotava uma postura conciliadora e pragmática: evitar conflitos políticos e “não cutucar onça com vara curta” era parte de sua estratégia para garantir estabilidade e oportunidades de expansão. Essa postura levou à percepção de que a Gazeta era um “jornal chapa-branca”, sem posicionamento crítico e sujeito à uma autolimitação estratégica, orientada pela lógica empresarial.
Ao ser questionado se sua forma de fazer jornalismo foi moldada por essa lógica, ele responde da seguinte maneira:

Celso Nascimento
A memória de Celso e do grande jornalista que foi se constrói entre a firmeza e a inspiração: a de alguém que cobrava muito porque acreditava no potencial de sua equipe e na importância de fazer jornalismo com excelência e responsabilidade.
A experiência acumulada permite compreender os bastidores do poder na imprensa e o impacto que cada decisão editorial pode ter sobre a sociedade, mostrando que dirigir é também educar, formar olhares críticos e preservar o compromisso com a verdade, mesmo diante das pressões editoriais, políticas e econômicas que marcam a profissão.
A trajetória de Celso Nascimento revela a essência de um jornalismo comprometido com o ofício e com o rigor que o sustenta. “Chefe chão de fábrica”, como se autodefine, ele representa uma geração de profissionais que fizeram da redação o espaço da prática e da aprendizagem contínua. Sua visão pragmática sobre a liberdade de imprensa - entendendo-a como uma condição sempre vinculada às estruturas de poder e propriedade - reflete a lucidez de quem conheceu o jornalismo por dentro, sem ilusões.
Exigente, mas profundamente ético, Celso sempre acreditou que a excelência é uma forma de respeito ao público e à profissão. Seu legado não está apenas nas páginas que escreveu ou nas equipes que liderou, mas na lição de que o bom jornalismo nasce do trabalho minucioso, da responsabilidade cotidiana e da convicção de que contar a verdade, com precisão e consciência, é o maior serviço que se pode prestar à sociedade.

Celso Nascimento












































