

Nilson Monteiro
E pensar que tudo começou a partir da descoberta da diabetes, aos 17 anos, que o forçou a abandonar a sonhada carreira de jogador de futebol.
Uma coleção de fotos com momentos que contam histórias da sua carreira além das palavras.
Percebendo desde cedo que não poderia “fazer mais do mesmo”, Nilson decidiu inovar no formato dos textos. No período em que realizava coberturas esportivas, pela Folha de Londrina, foi escalado para cobrir um jogo entre Londrina e União Bandeirante. Ali, refletiu sobre a limitação da linguagem tradicional utilizada nesse tipo de texto e optou por adotar uma abordagem criativa: escreveu a matéria em forma de cordel.

Nilson Monteiro
O hoje imortal da Academia Paranaense de Letras se orgulha de todos os lugares por onde passou, jamais negando os intensos embates que travou, as boas discussões e o zelo pelo profissionalismo.
Nilson não tibubeia ao afirmar que as redações jornalísticas de antigamente eram verdadeiras escolas de formação profissional e humana. Nelas, aprendia-se o ofício na prática, observando e convivendo com jornalistas experientes, que transmitiam valores como rigor na apuração, compromisso com a verdade e respeito à ética da informação. O ritmo era intenso, e o aprendizado vinha tanto dos acertos quanto dos erros, sempre sob o olhar atento dos editores.
Não havia a facilidade tecnológica de hoje. O trabalho era manual, a escrita era revisada diversas vezes, e a checagem exigia persistência e contato direto com as fontes. Mais do que um ambiente de trabalho, as redações eram espaços de troca, debate e paixão pelo jornalismo, onde se aprendia que a notícia era um serviço público e que o repórter tinha uma responsabilidade social diante da história que ajudava a contar.
Há algo de profundamente poético nesse amor pelo jornal impresso, por aquele instante em que as primeiras folhas saem da impressora e o cheiro da tinta se mistura ao som metálico das máquinas. Era ali que nascia o resultado de noites em claro, de discussões acaloradas, de risadas e de uma paixão incondicional pela notícia.
O papel manchado de tinta não era apenas um produto, mas um símbolo de entrega, de verdade, de ofício. Para quem viveu isso, o jornal não era um trabalho, mas uma extensão da alma. Sentir o cheiro do jornal recém impresso era, de certo modo, confirmar que o esforço valera a pena. Porque, no fim das contas, ser jornalista é isso: carregar no sangue o som das rotativas e o perfume sagrado da tinta que eterniza as palavras.

Nilson Monteiro
No jornalismo, o aprendizado não cabe apenas nas salas de aula, mas pulsa nas redações, nas conversas apressadas entre pautas e nas correções ditas com firmeza e afeto. Aprende-se com os grandes editores, com os colegas de reportagem, com a pessoa responsável pelo cafezinho, com todos que acompanham seu trabalho. Porque o jornalismo é, acima de tudo, uma escola da escuta.
É a arte de reconhecer que cada pessoa tem algo a ensinar, que toda crítica é um convite a crescer e que a humildade é a primeira virtude do repórter. No fim, o jornalista que aprende com todos carrega dentro de si uma redação inteira, feita de vozes, de gestos e de lições que o tornam mais sensível, mais humano e, por isso mesmo, mais verdadeiro no que escreve.
Ter o trabalho jornalístico lembrado pela posteridade é mais do que uma questão de reconhecimento individual. É a garantia de que a verdade, o compromisso ético e a coragem de informar não se perdem com o tempo. Quando o jornalismo é preservado, preserva-se também a história das pessoas, dos lugares e das lutas que moldaram a sociedade.
Ser lembrado, nesse ofício, é saber que o esforço de buscar a notícia, de registrar o presente e de questionar o poder deixou marcas que continuam a inspirar novas gerações de jornalistas a exercer seu trabalho com a mesma paixão e responsabilidade.
Modéstia à parte, poucos podem dizer que entrevistaram os craques Sócrates, Walter Casagrande e Wladimir Rodrigues dos Santos entre um gole e outro, compartilhando boas conversas e histórias.
Contudo, entre tantas histórias e reportagens, há uma que toca mais intimamente nosso jornalista.
Diante de tantos ensinamentos, fica claro que o bom jornalismo é um exercício de continuidade e resiliência. Uma construção que exige tempo, dedicação e, acima de tudo, humildade para aprender a cada nova história contada.
A trajetória de Nilson Monteiro revela mais do que uma carreira bem-sucedida. Ela traduz uma filosofia de vida. Para ele, o jornalismo nunca foi apenas um ofício, mas uma extensão natural de sua curiosidade, inquietação e amor pelas palavras. Em cada texto, entrevista ou reportagem, deixava transparecer a crença de que o bom jornalista é aquele que observa o mundo com sensibilidade e o traduz com verdade e beleza.
Sua caminhada, marcada pela coragem de inovar e pela recusa em se acomodar, mostra que a paixão é, de fato, o combustível essencial dessa profissão. Nilson segue, assim, como exemplo de que o jornalismo feito com entrega, ética e emoção continua sendo uma das formas mais autênticas de narrar a vida.

Nilson Monteiro






































