

Mirian Gasparin
Entre o som do rádio e o ritmo das redações, Miriam Gasparin construiu uma história movida por dedicação e propósito. Desde os primeiros passos na profissão, encontrou nas palavras faladas e escritas o seu verdadeiro lugar.
Contudo, a carreira no jornalismo esportivo não durou muito tempo. Como diz a própria Mirian: “dos meus 51 anos de carteira assinada, 49 são com economia.”
E em um tempo em que a internet ainda dava seus primeiros passos no jornalismo, Mirian já enxergava ali um novo horizonte, ao se lançar à novas experiências, antecipando tendências e reafirmando seu espírito pioneiro.
No jornalismo, as fontes são muito mais do que meios de obtenção de informação; são pontes que ligam o repórter à realidade que ele busca compreender. Cultivar boas fontes exige tempo, ética e respeito. É reconhecer o outro como parte essencial do processo de construção da notícia. Quem valoriza essa relação entende que a credibilidade nasce justamente dessa confiança mútua, construída na escuta atenta e no compromisso com a verdade.
Enquanto construía uma trajetória sólida no jornalismo econômico, Mirian também se afirmava como professora no ensino superior, compartilhando com os novos profissionais a experiência acumulada nas redações. Entre a prática e o ensino, fez do jornalismo não apenas uma carreira, mas um meio de inspirar e preparar as novas gerações.
Há lembranças que o tempo não apaga, apenas amadurece. Mesmo longe das antigas rotativas, permanece viva a emoção de quem aprendeu que o jornalismo é feito com as mãos, com o coração e com um amor que resiste à passagem dos anos.
Uma coleção de fotos com momentos que contam histórias da sua carreira além das palavras.

“Eu sempre fui muito ambiciosa na minha profissão. Então, eu nunca tive medo de enfrentar os
desafios”
Mirian Gasparin
Certas experiências permanecem gravadas na memória como testemunhos do encontro entre preparo, coragem e acaso, quando o jornalismo mostra sua face mais desafiadora e, ao mesmo tempo, mais gratificante. Nessas ocasiões, o tempo parece se dobrar, e o que era apenas uma pauta torna-se aprendizado, diálogo e superação. São lembranças que não dependem do prestígio ou do prêmio recebido, mas da intensidade com que se viveu o ofício e da certeza de que valeu a pena estar ali, no instante em que a notícia acontecia.
Havia nas redações uma energia quase artesanal, marcada pelo improviso e pela entrega de quem fazia do jornalismo uma construção diária, feita de tentativa, paciência e resiliência. Cada edição era resultado de um processo coletivo, intenso e cheio de propósito. Nesse ambiente, a notícia nascia do esforço humano, e talvez por isso tivesse tanto valor.
Ser mulher no jornalismo, em tempos em que as redações ainda eram dominadas por homens, exigia coragem, firmeza e uma boa dose de persistência. Era preciso conquistar espaço em um ambiente onde o talento muitas vezes precisava falar mais alto que qualquer preconceito.

“Jornalismo é a hora, não é você guardar a notícia. A notícia tem que ser hora, tem que ser é
hoje… notícia velha não volta”.
Mirian Gasparin
Ao olhar para sua trajetória, Mirian reconhece que sua inspiração no jornalismo não veio de modelos prontos, mas da própria prática cotidiana. Em vez de seguir caminhos já traçados, ela construiu o seu, com autenticidade, rigor e sensibilidade para traduzir a economia em linguagem acessível. Criar um estilo próprio, num tempo em que poucas mulheres ocupavam espaço nas editorias econômicas, foi também um gesto de afirmação. Sua trajetória mostra que a verdadeira inspiração, às vezes, nasce do impulso de fazer diferente.
Ao projetar como ser recordada, suas palavras revelam serenidade e propósito. Fala da própria trajetória com a leveza de quem reconhece o valor do caminho percorrido e a alegria de ter vivido intensamente o que escolheu fazer. O que permanece é a certeza de que o verdadeiro legado não está apenas nas conquistas, mas na forma de permanecer fiel ao que sempre acreditou.
Mirian afirma que atualmente defende o jornalismo setorizado, pois, quando se conhece um tema, é muito mais fácil ter mais fontes e também conseguir a colocação em um veículo, já que dominar um assunto facilita esse processo. Esse pensamento surge como um convite para enxergar o jornalismo em sua dimensão mais humana e transformadora. Em sua visão, o jornalismo é mais do que um trabalho; é um modo de estar no mundo, com curiosidade, ética e paixão pelo que se faz.

Mirian Gasparin



































